INCLUSÃO: OS PAIS DE AUTISTAS E AS CRÍTICAS DA SOCIEDADE

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OS PAIS DE AUTISTAS E AS CRÍTICAS DA SOCIEDADE

Muitas vezes, pais cujos filhos apresentam transtornos do espectro autista, acabam se isolando em casa em função das críticas da sociedade.

Quando a criança tem algum ataque de birra na rua, supermercado ou em uma loja, todo mundo fica olhando, cochichando e balançando a cabeça.  A falta de informação da sociedade faz com que as atitudes desta criança sejam alvo de críticas e preconceito da sociedade.

Estas críticas e o olhar de recriminação das pessoas, julgando aquela situação como falta de limites dos pais, acaba por isolar os pais e o filho cada vez mais. Lidar com uma crise de birra de um filho não é fácil e, esta, não é uma exclusividade dos autistas podendo ocorrer com qualquer criança. O pior é tentar contornar a situação e ver as pessoas cochichando, cutucando umas as outras e fazendo cara de desaprovação.

Com certeza, dói mais que a crise dos filhos pois o que, muitas vezes os pais precisam, é de uma força dos outros, é ouvir perante uma situação embaraçosa que não tem problema e eles não precisam se sentir desconfortável.

Frente a esta situação, os pais devem:

– aceitar o diagnóstico e ajude a sua família e os amigos mais próximos a aceitarem este. Durante um crise não fique com vergonha e diga com orgulho “meu filho é autista e estamos trabalhando estas crises de birra e vamos modificar este comportamento”;

– encontre uma rede de apoio e se uma a uma associação de pais. Ouvir que não é só com você que isto acontece faz muito bem para o corpo e para a alma. Além disso, uma atitude ou experiência de um pai pode ajudar outro no manejo com o seu filho. As vezes uma associação de pais vale mais que muitos livros teóricos;

– leia e busque informações verdadeiras, com embasamento científico, e fuja das receitas milagrosas sem base teórica ou comprovação científica. Não saia se iludindo e tentando tudo que acaba aparecendo na internet. Muitas vezes, existem teorias tratamentos e medicações sem comprovação científica;

– desenvolva relacionamentos positivos com a escola e com os serviços da comunidade. Você tem os seus direitos e seu filho também mas, nem sempre, bater de frente é o melhor remédio, principalmente, quando falamos de escola. O magistério ainda é tradicional e perpetua aquela visão de transmissão de conhecimentos de geração para geração. Trabalhar com o autismo é trabalhar com o novo e com o desafio e isto, nem sempre, é bem vindo nas escolas pois o novo faz com que a gente seja invadido e tenha que abrir mão dos nossos conhecimentos a favor do conhecimento dos outros. Isto dói e gera ansiedade. A melhor maneira é criar um bom vínculo com a escola cobrando os direitos dos seus filhos mas aceitando que falhas vão ocorrer;

– mantenha uma rotina saudável em casa. A criança acaba se tornando o foco da casa mas, por outro lado, o casal não pode esquecer da sua vida conjugal e dos outros filhos pois eles, também, precisam de atenção. Um filho autista leva a duas situações, ou seja, ou ele vai unir muito o casal que vai passar por um processo de autodescoberta e modificar a as suas crenças e valores ou vai separar ele totalmente pois, um dos lados, vai assumir a sobrecarga. Sentar, conversar e dividir as responsabilidades é a melhor forma de lidar com a situação e, desta forma, o casal poderá mostrar para os outros filhos que está criança não é um peso, e sim, muito bem vindo naquele lar;

– não de ouvidos as críticas dos outros e não se culpe pelos outros criticarem o seu modo de ser e agir com seu filho. A desinformação, o medo de magoar e o não saber como ajudar podem levar a atitudes que no fundo magoam os pais. Muitas vezes, estas atitudes não são intencionais e as pessoas se sentem muito mal após terem tomado uma atitude específica;

– por fim, tenha em mente que o autismo pode acontecer com qualquer um e não existem culpados. O que deve ser feito é receber esta criança como um presente, uma dádiva e um diamante muito raro que precisa ser lapidado. Não que o caminho seja fácil, pois ele não é, mas os frutos virão.