INCLUSÃO: A INCLUSÃO DA PESSOA COM SURDEZ

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A INCLUSÃO DA PESSOA COM SURDEZ

  A inclusão de uma pessoas surda em uma escola de ensino regular é uma questão séria e difícil de ser abordada

 

. Os surdos tem as suas opiniões que, em muitas situações, divergem da opinião os ouvintes. Contudo, ambos os lados concordam com um aspecto: “ a educação é para todos”.

 

Mas o que é incluir?

 

De acordo com a definição do termo incluir, em nossos sábios dicionários, seria colocar alguém ou algo em algum lugar. Se analisarmos por esta definição, colocaríamos todas as pessoas surdas na escola e a inclusão estaria efetivada.

 

Mas se analisarmos que incluir é proporcionar a presença de alguém, em algum lugar, para que ao estar lá ele cresça e se desenvolva ao máximo como um membro efetivo desta comunidade, nossas posturas devem ser repensadas.

 

Colocar um aluno em uma escola especial, separado do mundo ouvinte, pode ser uma forma de segregação, mas incluir sem os cuidados necessários também é uma forma de segregação.

 

Além disso, é uma falta de respeito ao ser humano e uma afronta aos direitos legais desta pessoa.   A barreira que existe na comunicação do surdo com o mundo ouvinte, tem que ser superada.

 

Contudo, não podemos desrespeitar a cultura e a identidade pessoal do surdo, tentando impor a nossa cultura e a nossa identidade pessoal.   As pessoas surdas possuem uma cultura e uma identidade própria que tem que ser respeitadas e valorizadas.

A escola é um local de crescimento e de aprendizagem coletiva que convive com diferenças o tempo todo. Em uma sala de aula, o professor tem o seu jeito de ensinar e, os alunos, diferentes jeitos de aprender.

 

Estes diferentes jeitos tem que ser respeitados, seja pelas condições orgânicas dos sujeitos envolvidos, seja pelas suas diferentes personalidades, crenças e interesses.   A educação de uma pessoas surda faz com tenhamos que rever várias crenças.

 

Quem melhor pode opinar sobre o que é melhor para si é o próprio surdo pois é ele que, diariamente, convive no silêncio com um mundo cheio de sons.

 

A linguagem de sinais é a língua materna de um surdo. Esta difere da nossa linguagem oral em muitos aspectos mas, por outro lado, possui um ponto em comum: ela serve para que possamos expressar os nossos conhecimentos, interesses, desejos e necessidades.

 

Ambos os lados tem que respeitar as suas linguagens próprias e, ambos os lados, tem que se aprimorar neste processo de comunicação. A comunidade surda defende o uso da LIBRAS por parte do surdo mas a nossa sociedade não está apta para usar esta linguagem.

 

Não adianta leis que reconhecem a língua Brasileira de sinais e que colocam a obrigatoriedade desta na educação básica, se estas não são colocadas em prática.

 

Como um surdo consegue ser independente em uma sociedade que não domina a linguagem de sinais e não possibilita intérpretes em escolas, cinemas, bancos, supermercados, correios, e outros locais públicos?

 

Os ouvintes não falam por sinais, os surdos não usam a linguagem oral e, em alguns casos se recusam a usar a leitura labial. Os ouvintes tentam se comunicar com os surdos escrevendo, os surdos se sentem ofendidos com esta atitude.

 

Nas escolas, estes alunos acabam perdendo, em termos de conhecimento, pois as propostas didáticas não são adequadas as suas necessidades e não respeitam a sua identidade.

 

Infelizmente, devido a esta falta de estruturação curricular e de professores capacitados para atuar junto a estes alunos, os professores fingem que ensinam e os alunos fingem que aprendem.

 

Sem professores de língua portuguesa que dominem LIBRAS, a estrutura da linguagem materna do surdo não é respeitada.

 

Não adianta querer que o surdo tenha uma expressão escrita igual a de um ouvinte pois na sua língua a estrutura é diferente.   Se não respeitarmos esta diferença, estarmos bloqueando a criatividade do próprio surdo.

 

A presença de professores de LIBRAS, tradutores e intérpretes, em nossas escolas, poderiam modificar esta situação.   Em nossa trajetória escolar, não convivemos com pessoas surdas.

 

Desta forma, a sua cultura é desconhecida para nós pois, a poucos anos, é que começamos a ouvir falar em linguagem de sinais e a ver esta no nosso dia a dia.

 

Se introduzida desde cedo nas nossas escolas, nossos alunos hoje, que serão os adultos de amanhã, terão outra visão em relação a pessoa surda. LIBRAS não será uma coisa distante, difícil de ser aprendida, mas sim algo que eles conviveram ao longo de sua trajetória escolar e que pode ser colocada em prática em qualquer situação pois se torno natural.

 

Nossas escolas tem que rever as suas práticas diárias. Não adianta abrir as portas e, em nome da inclusão, aceitar todos os alunos sem ter condições para atender.   Não adianta abrir salas de atendimento educacional especializado, se estes profissionais não estão aptos para interagirem com estes alunos de forma efetiva e eficiente.

 

As mantenedoras tem que garantir o envio de pessoas realmente capacitadas para estas escolas e, por outro lado, proporcionar capacitação para os seus professores e funcionários que acompanham este aluno diariamente.

 

O surdo não possui dificuldades de aprendizagem, mas sofre com as dificuldades de “ensinagem”. Estas dificuldades muitas vezes decorrem da falta de conhecimento da escola de como adequar a prática pedagógica as necessidades deste aluno. São falhas que decorrem da necessidade dos professores de fazerem algo por este aluno.