INCLUSÃO: O QUE É INCLUSÃO?

CINCO CRIANÇAS TENTANDO SE POSICIONAR DENTRO DE UM QUADRADO FEITO COM GRAVETOS NO CHÃO

O QUE É A INCLUSÃO?

A inclusão escolar e social é um assunto muito discutido nos dias de hoje, pois pressupõe um processo de adequação das escolas as necessidades individuais dos alunos para que estes possam estudar, aprender e desenvolver-se exercendo plenamente a cidadania independente de sua raça, religião, gênero, capacidade cognitiva, sensorial ou física.

 
Meirieu (2006) afirma que: “Abrir a Escola para todos não é uma escolha entre outras: é a própria vocação dessa instituição, uma exigência consubstancial de sua existência, plenamente coerente com seu princípio fundamental. Uma escola que exclui não é uma escola […]. A Escola, propriamente, é uma instituição aberta a todas as crianças, uma instituição que tem a preocupação de não descartar ninguém, de fazer com que se compartilhem os saberes que ela deve ensinar a todos. Sem nenhuma reserva.”

 
Tendo como base a colocação do autor, pode-se afirmar que a política de inclusão não é nada sem a ideologia da inclusão, ou seja, a crença de que podemos ensinar a todos independente de suas especificidades.

 
Esta ideologia da inclusão é que vai definir o conceito de uma educação inclusiva em toda a sua essência.

 
Segundo Porter (1994) a educação inclusiva pode ser definida como: […] um sistema de educação e ensino onde os alunos com necessidades educativas especiais, incluindo os alunos com deficiência, são educados na escola do bairro, em ambientes de sala de aula regulares, apropriados para a sua idade (cronológica), com colegas que não tem deficiência e onde lhe são oferecidos ensino e apoio de acordo com as suas capacidades e necessidades individuais.

 
Partindo deste pressuposto, os autores defendem a política de matricular em uma escola regular, ou inserir na comunidade e no mercado de trabalho, qualquer indivíduo sem exigir prontidão para acompanhar os demais.

 
As propostas de inclusão e de integração são, substancialmente, diferentes.

 
Vaughn e Schumm (1995): “[…] chamam de “inclusão responsável” o desenvolvimento de uma escola inserida num modelo de educação centrado no aluno e que baseia a escolha do local de educação na prestação de serviços e nas necessidades de cada estudante”.

 
Sassaki (1997) coloca que o objetivo primordial da integração escolar é incorporar física e socialmente as pessoas com deficiência para que essas usufruam dos bens socialmente produzidos.

 
Neste sentido, Mantoan (1998) vem afirmar que: a  integração escolar, cuja metáfora é o sistema de cascata, é uma forma condicional de inserção em que vai depender do aluno, ou seja, do nível de sua capacidade de adaptação às opções do sistema escolar: a sua integração, seja em uma sala regular, em uma classe especial ou mesmo em instituições especializadas. Trata-se de uma alternativa em que tudo se mantém, nada se questiona do esquema em vigor.

 
Nesta visão, considera-se a integração como a política de matricular na escola regular e inserir na comunidade e no mercado de trabalho, somente os indivíduos que estão preparados para acompanhar os demais deixando, aos mais comprometidos, a educação em escolas especiais, centros de atendimento e hospitais.

 
De acordo com Sassaki (1997), a inclusão social pode ser conceituada como: […] o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. A inclusão social constitui, então, um processo bilateral no qual as pessoas, ainda excluídas, e a sociedade buscam, em parceria, equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidades para todos.

 
As colocações do mesmo autor deixam claras a idéia de que os membros da comunidade escolar necessitam acreditar que a diversidade humana beneficia a todos e, acima de tudo, aceitar e estar prontos para enfrentar este desafio, pois, caso contrário, este processo pode se transformar em uma forma de exclusão a partir do momento que eu forço um aluno a adaptar-se a situações que, muitas vezes, ele não possui habilidades e competências para enfrentar.

 
Desta forma, a escola atual necessita mudar os seus paradigmas e trabalhar para alcançar a exclusão zero, ou seja, não excluir, discriminar ou desrespeitar qualquer aluno em função de sua etnia, opção sexual, raça, religião, gênero, deficiência ou qualquer atributo pessoal.

 
De acordo com Damázio (2005), a escola inclusiva é definida da seguinte forma: “Estou chamando de escola inclusiva não apenas a escola que tem algumas crianças com limitações sensoriais e orgânicas no conjunto dos alunos regulares, porque para mim a educação inclusiva é mais do que termos crianças com limitações ou problemas dessa natureza nas salas de aula convivendo com outras crianças. Significa também os professores de Educação Infantil, de Escola Fundamental, de Ensino Médio, o corpo administrativo, os líderes da escola participando de uma mesma atividade e comprometidos com um mesmo projeto educacional.”

 
As afirmações do autor salientam que diversidade humana é um fato em uma sociedade pluralista. Compõe esta diversidade todos os segmentos da comunidade representados pelas diferentes etnias, nacionalidades, naturalidades, cultura, religião, situação socioeconômica, distúrbios orgânicos, história pessoal e penitenciária, transtornos na aprendizagem e distúrbios psiquiátricos.

 
Bueno (1999, P. 9) afirma que: “Não podemos deixar de considerar que a implementação da educação inclusiva demanda, por um lado, ousadia e coragem, mas, por outro lado, prudência e sensatez, quer seja na ação (de acesso e permanência qualificada, de organização escolar e do trabalho pedagógico e da ação docente) ou nos estudos e investigações que procuram descrever, explicar, equacionar e propor alternativas para a educação especial.”

 
A colocação do autor deixa claro que a inclusão é uma aceitação e valorização das diferenças englobando bem mais que a inserção social e escolar, e sim, levando em conta o desenvolvimento de valores como a cooperação, colaboração e empoderamento os quais dependem de um projeto educacional comprometido que atenda a todos os alunos.