O CURRÍCULO ADAPTADO E A TECNOLOGIA
Segundo Royo e Urquizar (2012), as necessidades educativas especiais devem ser atendidas dentro do currículo comum ao longo de todos os níveis do sistema de educação o qual deve fazer as adaptações convenientes para enfrentar a diversidade.
Os mesmos autores colocam que devemos rejeitar um currículo baseado no conhecimento e no saber e optar por outro baseado nas habilidades, conceitos e atitudes o qual dê ênfase nos processos de aprendizagem e nas habilidades transferíveis.
Hegarty, Pocklington e Lucas (1981) colocam que podemos adotar diferentes modalidades de currículo tais como um currículo com algumas modificações, com reduções significativas e currículo especial com ou sem acréscimo.
Contudo, muitos autores defendem a adoção de um currículo funcional baseado no CBI (Community Based Instruction), ou seja, uma instrução baseada nos recursos da comunidade.
Segundo Smith (2008), a melhor estratégia para ensinar os alunos com necessidades especiais, principalmente com limitações de ordem cognitiva, é trabalhar as habilidades práticas e comportamentos adaptativos no ambiente em que eles devem ocorrer com naturalidade, pois, a capacidade espontânea de transferência da aprendizagem nestes indivíduos, é limitada.
Smith (2008, p. 188) coloca que: “[…] é mais natural a aprendizagem de trocar dinheiro usando moedas verdadeiras nas lojas da vizinhança, do que moedas de papel feitas na sala de aula”.
Quando pensamos em currículo adaptado, para alunos com necessidades educativas especiais, temos que ter claro que, dependendo da limitação apresentada, o uso da tecnologia se torna uma ferramenta pedagógica imprescindível para a sua ocorrência e efetivação.
Segundo Mantoan (1997), “temos uma necessidade de aprimoramento da qualidade do ensino regular com a adição de princípios educacionais válidos para todos aos alunos resultando, naturalmente, na perspectiva de uma inclusão com o uso das tecnologias”.
Sendo assim, de acordo com estes pressupostos, uma aprendizagem com as tecnologias deve centrar-se no aluno e provocar uma estimulação multissensorial, progressão multidirecional, trabalho cooperativo, troca de informações, aprendizagem ativa, exploratória, inquisitiva, desenvolvimento do pensamento crítico e possibilidade de tomada de decisões.
Desta forma, a aprendizagem sai do caráter quantitativo para uma visão qualitativa de desenvolvimento de ações planejadas, integradas e por iniciativa do aluno.
Vygotsky (1992) coloca a necessidade de revisão dos currículos e dos métodos de ensino, substituindo a abordagem quantitativa que nos acompanha ao longo da história, por uma qualitativa.
Gadotti e Romão (1997) colocam que o PPP deve ser entendido como um horizonte de possibilidades para a escola e, no seu texto, deve imprimir a direção e os caminhos a serem percorridos por todos os segmentos da comunidade escolar.
Nesta visão, a descentralização da gestão administrativa torna-se o ponto de partida e condição essencial para a autonomia pedagógica, administrativa e financeira no que refere-se ao investimento adequado em relação aos recursos materiais e qualificação dos recursos humanos da escola.
De acordo com a LDB 9394/96, artigo 12º, “as escolas devem elaborar e executar sua proposta pedagógica deixando claro que esta precisa, fundamentalmente, saber o que quer e colocar em execução o seu querer não ficando apenas nas promessas ou nas intenções expostas no papel”.
Quando falamos em um projeto político pedagógico, que investe na inclusão, este deve deixar de forma explícita o modo de trabalhar os conteúdos, de como garantir o tempo necessário para que todos aprendam, de como fomentar a cooperação, o diálogo, a solidariedade, a criatividade e espírito crítico, propor inovações tecnológicas e pedagógicas e garantir formas alternativas de avaliação.
Este projeto político pedagógico deve refletir uma escola para todos e estar intimamente ligado a palavra adaptação, pois, para atingir um desenho universal, temos que basear nossas ações na modificação da tarefa, do método e do próprio ambiente com vistas a promover a independência e funcionalidade a partir do momento em que o indivíduo acomoda-se a uma nova situação.
É comum as escolas incluírem alunos com deficiências em turmas, cujos professores possuem mais tempo de magistério, na crença que a experiência ajuda na educação e escolarização destas crianças.
Bandía (2002) coloca que: “o que vem dos livros e o que é transmitido pelo professor nem sempre penetra na prática. A experiência não está dedicada no tempo de magistério e pelo saber acumulado pela repetição de uma atividade.”
O currículo adaptado tem que estar estreitamente ligado à tecnologia pois, em muitos casos, esta é a forma de suprir as limitações físicas e sensoriais dos indivíduos e, tal conhecimento, muda diariamente e exige uma atualização constante por parte do professor.