O AUTISMO RELATADO AO LONGO DOS TEMPOS: CRIANÇAS CHAMADAS DE ENFANTS FADAS
Muitas histórias, ao longo dos tempos falaram sobre o autismo mas associado a lendas envolvendo personagens místicos.
Nas lendas europeias, encontramos muitos relatos sobre as crianças fada. Segundo a lenda, uma criança fada seria aquela que foi trocada por uma fada.
Na Irlanda, o conto de fadas fala do “changeling” que seria um transmutado humano. Segundo a lenda, as crianças seriam raptadas por “good people” (fadas ou gnomos) que colocavam, no lugar desta criança, um criança substituta fisicamente idêntica, porém com uma personalidade muito diferente.
Diz a lenda, que o rapto acontece cedo e a mãe nem percebe a troca. Mas a mãe acharia estranho o comportamento da criança que não seria mais afetiva, iria passar a ignorá-la e gritaria e agrediria com muita frequência.
Mas na lenda irlandesa, o rapto seria exclusivamente de meninos.
As mesmas lendas são relatadas na Escócia, Suécia e Noruega.
Nos contos de Grimm, encontramos o terceiro conto dos duendes que fala que uma criança tinha sido raptada de seu berço e os duendes tinham colocado, em seu lugar, um bebê substituto com uma cabeça enorme e um olhar fixo que só queria comer e beber e nada mais.
No trecho do conto contamos com o seguinte relato:
“ uma criança tinha sido roubada de seu berço. Os duendes (Wichtchmanner) tinha posto, em seu lugar, um Wechselbalg (bebê substituto) com uma cabeça enorme e um olhar fixo que só queria comer e beber, mais nada. Em sua desolação, a mãe correu na vizinha para pedir-lhe conselho. A vizinha disse-lhe para levar o changeling (bebê substituto) à cozinha, colocá-lo perto do fogo, acender o fogo e pôr água para ferver dentro de duas cascas de ovos. A mulher fez o que a vizinha lhe havia dito. Quando ela pôs as cascas de ovo, sobre o fogo, o pequeno esperto (Klotz) exclamou – Eu que tenho a idade da floresta de Wester nunca havia visto alguém cozinhar casca de ovo! E ele se pôs a rir. Uma multidão de duendes chegou trazendo de volta a verdadeira criança que eles colocaram perto do fogo. Eles, então, levaram o changeling com eles.”
Podem ser lendas que surgiram ao longo do tempo sendo transmitidas de geração para geração. Podem seus autores nunca terem associado isto a um caso de autismo.
Mas dois aspectos, com certeza, chamam a atenção nestes contos de fada. O primeiro seria a mudança repentina, geralmente entre o primeiro e segundo ano de vida, que se apresenta após a troca dos bebês.
Outro aspecto que chama a atenção, são os comportamentos descritos como a falta de afetividade e as explosões de humor.
Será que na história pré-científica já havia relatos sobre o autismo quando estas crianças substituídas eram descritas?