MUTISMO SELETIVO
Pode ser definido como portadores de mutismo seletivo algumas crianças que apresentam dificuldades em se comunicar,verbalmente, em ambientes estranhos e situações e/ou com pessoas pouco conhecidas de seu meio social.
Esta definição indica, em primeiro lugar, que as crianças com mutismo seletivo tem uma competência linguística e comunicativa intacta mas não conseguem utilizá-la em todos os ambientes sociais.
O mutismo seletivo envolve altos níveis de sofrimento pessoal, levando a problemas de adaptação ao meio ambiente devido a sua recusa em falar com os outros em todos os setores sociais.
Muitas vezes eles são confundidos como tímidos, retraídos socialmente, dependentes, perfeccionistas e a falta de tratamento pode agravar o problema..
A análise do quadro clínico deve ser feita com base nos aspectos qualitativos e quantitativos observando-se a presença ou ausência de comportamentos associados a inibição e ansiedade.
Os métodos para detectar a presença de qualquer um desses fatores são baseados na observação sistemática, no registro de comportamentos comunicativos verbais e na análise da inibição ou ansiedade que o aluno manifesta nos ambientes usuais e com diferentes parceiros.
Para ajudar a identificação na escola, podemos levar em conta o seguinte formulário:
- Nunca fala no ambiente escolar?
- No ambiente escolar fala apenas em algumas situações?
- Chega a falar com adultos na escola?
- Fala com apenas alguns adultos na escola?
- Nunca fala com as outras crianças na escola?
- Fala somente com alguns colegas da classe?
- Manifesta ansiedade em situações de interação verbal e contato corporal colocando os dedos na boca ou manifestando movimentos tensos?
- Demonstra rigidez na sua postura usual com costas e pescoço muito retos, braços para baixo paralelo ao corpo e/ou boca apertada?
- Demonstra rosto e corpo sem expressão com gestos faciais muitas vezes sem sorrisos e sem exibir muitos gestos com as mãos e o corpo?
- Demonstra comportamento de evitar a interação social olhando para baixo e evitando o contato físico?
- Evita situações socias como não ir ao banheiro com outras pessoas, ficar sozinho no recreio ou não realizar algumas atividades em sala de aula?
- Encontra-se sempre atrasado na realização das tarefas escolares?
- Não toma iniciativa para pequenas responsabilidades como coletar e distribuir materiais?
- Não participa espontaneamente da dinâmica da sala de aula fazendo tarefas voluntariamente e levantando a mão para tirar alguma dúvida?
- Não realiza atividades de dramatzação ou leitura em voz alta?
A Associação Psiquiátrica Americana (APA) em seu manual para o Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-IV (TR) indica que para o diagnóstico diferencial de mutismo seletivo deve levar em conta uma série de critérios tais como:
- Não falar com estranhos e pessoas da escola mas falar normalmente com os pais e familiares;
- A perturbção interfere no rendimento escolar e na comunicação social onde não aprendem apesar de terem as habilidades intelectuais necessárias. A falta da linguagem interfere na aprendizagem;
- Os sintomas devem ter a duração mínima de um mês pois é normal que alunos, em situações novas, tenham dificuldades para se soltar principalmente se estiverem nos primeiros anos de escolaridade. Para evitar falsos diagnósticos, é aconselhável analisar o seu comportamento no primeiro trimestre escolar;
- A incapacidade de falar não é devido a falta de conhecimento ou fluência da linguagem falada;
- A perturbação não é explicada pela esquizofrenia ou outro transtorno psiqiuiátrico que requeram a intervenção de profissionais da saúde mental. Além disso, devemos analisar se os sintomas não são decorrência de problemas emocionais decorretes de eventos traumáticos, desagregação familiar, luto, abuso, maus tratos e estresse pós traumático.
Podemos auxiliar o indivíduo com ações como:
- Não superproteger, ignorar ou minimizar o problema pois só vai aumentar o silêncio;
- Planejar situações comunicativas, sem pressão, que garantam as trocas com outras pessoas;
- Realizar atividades em que ele seja capaz de interagir verbalmente com adultos e crianças no ambiente escolar e familiar pela realização de solicitações verbais e espontâneas que os levem a responder perguntas solicitadas;.
- Oferecer um ambiente seguro, sereno, compreensivo, carinhoso e sem pressão;
- Evitar um estilo rígido e uma demanda excessiva pela perfeição;
- Desenvolver bons hábitos de rotina que levem a autonomia em relação a higiene, alimentação e vestuário;
- Apostar em atividades físicas que ajudam a diminuir a tensão;
- Ensinar comportamentos de interação social verbal e não verbal como dizer oi ou abanar ao chegar;
- Reforçar as abordagens verbais e não verbais salientando como é bom sentar com os colegas, fazer amigos e ir aumentado o grupo gradativamente;
- Excluir, do seu repertório, comentários vinculados ao não falar e, no lugar, questionar o aluno sobre as situações em que fala perguntando, por exemplo, se ele gosta de cantar músicas. Isto vai mostrar. para ele, que você acredita que ele pode falar;
- Não puna ele por não falar em sala de aula, com atitudes como já que você não leu o texto, na hora do recreio vai ficar lendo para mim;
- Não antecipe situações desagradáveis por não falar, ou seja, se não ler vai ficar na hora do recreio lendo para mim;
- Não compare ele com os colegas;
- Não force ele a falar em situações sociais. Tenha claro que este indivíduo tem um medo exagerado de falar;
- Atribua pequenas tarefas para ele cumprir com entregar os cadernos, folhas e outras que, inicialmente, não exijam tanto da fala e depois vá introduzindo tarefas com com pouca comunicação aumentando gradativamente;
- Use jogos de produção de sons corporais como bater palmas, pés e outros;
- Crie jogos, em pequenos grupos, onde as respostas da criança tenham que ser dadas com uma única palavras. Depois aumente a dificuldade a partir do momento que a criança de sentir segura com esta situação.