APRENDER NA SOCIEDADE TECNOLÓGICA
Temos, em nosso país, a tendência de incorporar e importar um corpo de idéias que estão na moda sem o embasamento científico necessário e por um curto período de tempo. É muito comum ouvir das escolas, quando questionadas sobre o seu método de trabalho, que elas usam de tudo. Quem usa de tudo, acaba não usando nada.
Muitas vezes, os métodos e técnicas utilizados não são baseados em dados científicos, com bases sólidas ou decorrentes de instituições e pessoas que realmente façam ciência. A realidade social dos alunos, em muitos casos, não é levada em conta bem como a psicologia e a pedagogia segundo as diferentes faixas etárias e tempo de cada um dentro do processo de ensino e aprendizagem.
As altas taxas de reprovação que temos atualmente, são decorrência do desrespeito a estes fatores e as características individuais dos alunos o que, por conseqüência, acaba elevando os índices de evasão escolar e de repetência.
O que pode acontecer com a autoestima, a autoconfiança e o autoconceito de um indivíduo que, ao final de um ano letivo, constata que sua vida ficou parada, que seus esforços não valeram nada e que, no próximo ano letivo, ele deverá começar tudo de novo? (UNICEF).
Aprender depende de motivação, prazer e engajamento. Para removermos as barreiras que impedem a aprendizagem de um indivíduo temos que levar em conta que cada ser humano é único, com processos de crescimento e de desenvolvimento diferentes e que vivenciam a aprendizagem de forma diferenciada.
Qualquer indivíduo irá experimentar a aprendizagem escolar como desagradável se não estiver motivado, se não encontrar sentido e significado naquilo que lhe é ensinado na escola e não tiver as suas características e potencialidades individuais respeitadas e valorizadas.
A mudança necessária, no processo educacional, tem que ser acompanhada de um financiamento que defina os meios e as fontes de recursos econômicos para equipar as escolas e qualificar o corpo docente.
Os professores têm que estar capacitados, preparados e profissionalizados, centros educativos atrativos devem ser criados e as tecnologias devem que ser introduzidas no processo de ensino e aprendizagem.
A escola de hoje precisa mudar o paradigma que a acompanha ao longo do tempo, ou seja, o professor ensina e o aluno aprende, mas, se ele não aprendeu, é porque não teve interesse pois o professor ensinou. A escola é um local onde professores e alunos aprendem juntos num processo de construção e reconstrução permanentes.
O desafio da escola atual é de adequar seus métodos e suas práticas a um meio social que está em constante transformação e buscar recursos diversificados para atender as necessidades individuais de uma clientela cada vez mais heterogênea e que, na sua maioria, são nativos digitais. Isto não quer dizer que nossos alunos, por terem nascido nesta era de avanços tecnológicos, saibam usar a tecnologia a favor da aprendizagem.
Nesta nova concepção, a escola que não investe na tecnologia acaba criando um novo grupo social, ou seja, os excluídos digitais. Podemos definir este grupo como aquele grupo de pessoas, tanto professores como alunos, que por falta de acesso, formação e preparação para o uso da tecnologia não são capazes de tirar proveito destas acabando com uma desvantagem social, educacional e cultural se comparado aos grupos de nativos digitais.