INCLUSÃO: ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DO GRAFISMO INFANTIL

DUAS FOLHAS DE PAPEL ROSA COM RABISCOS FEITOS POR UMA CRIANÇA COM LÁPIS PRETO

ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DO GRAFISMO INFANTIL

Do ponto de vista pedagógico, é de fundamental importância o conhecimento do processo evolutivo da expressão gráfica da criança e do adolescente. Todo o professor tem que ter o conhecimento deste assunto para que possa constatar se a expressão gráfica e plástica de seu aluno está adequada a sua idade e nível de escolaridade.

 

Desta forma, o indivíduo passa por várias fases:
1. Garatuja;
2. pré-esquemática;
3. esquemática;
4. etapa de início do realismo;
5. etapa pseudo-naturalista;

ETAPA DA GARATUJA OU PERÍODO DE RABISCAÇÃO:
DURAÇÃO: dos 2 anos aos 4 anos;

CARACTERÍSTICAS:
PRIMEIRA FASE: traços desordenados. A criança risca pelo prazer de riscar, não havendo controle dos movimentos;
SEGUNDA FASE: traços longitudinais. A criança inicia o estabelecimento da coordenação visual-motora, já havendo a repetição de movimentos;
TERCEIRA FASE: traços circulares. O prazer que obtém do seu recente descobrimento de controle motor, estimula a variar seus movimentos. Após ter assegurado o seu domínio, graças a constantes repetições, empenha-se a tentar tipos de movimentos mais complexos surgindo, assim, as linhas circulares.
QUARTA FASE: põe nome as garatujas. A criança começa a contar histórias ao mesmo tempo que traça as suas garatujas. Isto indica mudança de pensamento do cinestésico para o imaginário.

REPRESENTAÇÃO DA FIGURA HUMANA: nas três primeiras fases, a representação da figura humana não se encontra presente. Na quarta fase, onde as crianças põem nome nas garatujas, aparece a figura humana na imaginação, indicada pelo ato de nomeá-la.

REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO: no início não existe a representação de espaço. Após passa a ser sentido cinestésicamente e, na quarta fase, é puramente imaginativo.

USO DA COR: a prática das garatujas está relacionada, principalmente, a atividade motriz evoluindo para o domínio dos movimentos do controle visual das linhas. Desta forma, a cor desempenha um papel secundário nesta fase. Na quarta fase, muitas vezes, é usada para distinguir diferentes significados das garatujas.

ESTÍMULOS: nas primeiras etapas da garatuja não é necessário mais estímulos do que animar a criança para que siga fazendo-a. não se deve molesta-la pois nessa fase as interferências não só privam a criança da realização da experiência vital, como também inibe o seu trabalho. Na quarta fase, devemos realizar perguntas na direção do pensamento da criança em relação a história que ela diz ser contada.

MATERIAIS ADEQUADOS: papéis grandes, lápis de cera grande, têmpera, pasta para pintura a dedo e argila.

 

ETAPA PRÉ-ESQUEMÁTICA:

DURAÇÃO: dos 4 aos 7 anos;

CARACTERÍSTICAS: neste período, a criança descobre a relação entre o desenho a ser realizado, atingindo a figuração. Sua intenção é representar elementos tirados do mundo que a rodeia.
Surge uma nova forma de desenhar onde a criação consciente da forma em sua constante busca de novas concepções, procura estabelecer um padrão individual, ou seja, seu próprio esquema de desenhar. Antes de atingir este aspecto, há uma constante repetição de símbolos e formas que utiliza em seus desenhos.

REPRESENTAÇÃO DA FIGURA HUMANA: a figura humana é a primeira representação, surgindo com movimentos circulares para representar a cabeça e movimentos longitudinais para representar braços e pernas.
A representação cabeça-pernas se converte num conceito de forma mais complexo, decorrente do conhecimento e experiência vivenciados.

REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO: a criança começa a inter-relacionar o espaço com os objetos que desenha, sendo estas relações emocionais.

USO DA COR: a cor, nesta etapa, não é objeto de preocupação direta da criança com o realismo e esta relacionada ao seu interesse emocional.

ESTÍMULOS:
Devemos estimular a expressão criadora, tendo cuidado com a crítica, promovendo experiências individuais que enriqueçam o desenvolvimento ativo do eu.

MATERIAIS ADEQUADOS: manuseio e uso de papéis de diversos tipos e tamanhos, lápis de cera, têmpera, argila, pincéis e material de sucata.

 

ETAPA DO ESQUEMATISMO:

DURAÇÃO: dos 7 aos 9 anos;

CARACTERÍSTICAS: corresponde, em geral, aos primeiros anos escolares do ensino fundamental. A criança arruma as peças de seu desenho de acordo com uma certa relação lógica, agrupando-os na parte inferior do papel como se estivessem no chão.
Podemos dizer que é o fim de uma busca para a obtenção de uma concepção definitiva e individual do homem e do meio.

REPRESENTAÇÃO DA FIGURA HUMANA: há repetição de formas de representar, objetivamente, o homem. Existe o uso de linhas geométricas, a omissão ou o exagero de partes do corpo que são importantes no momento, as quais são determinadas por um foco de interesse visual e emocional.

REPRESENTAÇÃO NO ESPAÇO: nota-se a presença de linha de base, colocando seus desenhos sobre ela para relaciona-los e dar-lhes proporção mais vinculada à realidade. Essa linha pode surgir acidentada ou superposta, representando dois ou mais planos, onde o fenômeno do rebatimento é comum, ou seja, casas que parecem deitadas dos dois lados da rua. É comum, também, o raio X ou transparências e representações se variações temporais num mesmo espaço.

USO DA COR: é o momento da cor objetiva, havendo relação com o objeto. Há repetição do que se chama de esquema da cor, surgindo desvios neste esquema na medida da vivência de novas experiências.

ESTÍMULOS: deve-se procurar desenvolver uma imagem positiva da criança, baseada em experiências centradas na consciência de “eu” e o grupo. É importante o estímulo da confiança nos próprios meios de expressão evitando críticas, competições e comparações.

MATERIAIS ADEQUADOS: papéis de diferentes espécies, tamanhos e texturas, argila, têmpera, todo e qualquer tipo de sucata, lápis de cera, de cor e giz colorido.

ETAPA DO INÍCIO DO REALISMO OU REALISMO LÓGICO:

DURAÇÃO: dos 9 aos 12 anos;

CARACTERÍSTICAS: essa etapa caracteriza-se pelo uso de linhas geométricas (esquema), havendo uma maior vinculação com o natural. Caminhando para o naturalismo, a atividade gráfica infantil vai perdendo muito da espontaneidade.
Cada vez mais condicionada a análise e ao senso crítico, ela fixa atenção nos detalhes e surge a descoberta de interesses comuns pois, meninos e meninas agrupam-se e sentem prazer em realizar atividades de grupo.
É chamada a idade da turma onde há maior consciência do “eu” em relação ao sexo.

REPRESENTAÇÃO DA FIGURA HUMANA: há uma tendência a usar linhas realistas, abandonando o esquema. Apresentam características das roupas e detalhes destacando, claramente, as diferenças entre meninos e meninas. Surge, também, uma maior rigidez pela caracterização de detalhes significativos.

REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO: o espaço tem uma nova dimensão de planos. O céu baixa até a linha da base e há preenchimento entre eles, percebendo a profundidade e o conceito de horizonte.

USO DA COR: passa da rígida relação cor X objeto, para uma caracterização da cor e de suas tonalidades, representando-as.

ESTÍMULOS: devemos estimular o trabalho em grupo no sentido de cooperação, respeitando suas formas individuais de representação com o mínimo de interferências possíveis.

MATERIAIS ADEQUADOS: tintas variadas, pincéis de diferentes espessuras e tamanhos, lápis de cera, giz colorido, canetas hidrográficas, materiais diversos de madeira, couro e metal.

ETAPA PSEUDO-NATURALISTA OU ETAPA DA RAZÃO:

DURAÇÃO: dos 12 anos aos 14 anos;

CARACTERÍSTICAS: assinala o fim da arte como atividade essencialmente espontânea e o início do período de racionalização do pensamento. É a idade da inquietação, da excitação, da transformação física e mental. O jovem já não se satisfaz só com o processo de fazer, mas sim, com o resultado.

REPRESENTAÇÃO DA FIGURA HUMANA:a figura humana aparece representada com proporções realistas e articuladas. O vestuário é detalhado e surge o desenho satírico e caricatual.

REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO: descobre o espaço com suas qualidades tridimensionais, bem como o uso da percepção tanto no que diz respeito ao tamanho dos elementos que se afastam, como nos objetos de forma geométrica.

USO DA COR: o uso da cor é feito num sentido intuitivo, tendo este muito significado e é utilizado de forma criadora.

ESTÍMULOS: o importante é estimular o jovem a usar os recursos, instrumentos e materiais artísticos, bem como promover o hábito de observação para alcançar um produto final satisfatório, individual e artístico.

MATERIAIS ADEQUADOS: tintas variadas, papéis de diferentes espessuras e tamanhos, lápis de cera e de madeira, canetas hidrográficas e materiais diversos de madeira, couro e metal.