A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL AO LONGO DOS TEMPOS
Analisando a história da educação especial, podemos notar um processo de mudança que vai desde a exclusão total destes indivíduos, do âmbito educacional, passando pela segregação, por tentativas de integração até chegar na proposta de inclusão atual.
No início, os indivíduos que apresentavam alguma deficiência, eram excluídos e rejeitados. Com o passar do tempo, a institucionalização foi adotada, demonstrando algum avanço, mas estes ainda eram colocados em clínicas e instituições afastados do convívio daqueles ditos normais (Segregação).
Nas primeiras preocupações brasileiras em relação a educação de pessoas com deficiência, em 1874, notamos uma preocupação com a deficiência visual e física mas, a deficiência mental, ainda era vista como um problema médico, uma doença mental.
Com o passar do tempo, as classes especiais dentro das escolas regulares começaram a ser formadas com a ideia de que esta era uma aceitação das diferenças dos alunos mas, em contrapartida, segregando estes a um espaço isolado dentro das escolas (Integração).
Para chegar nas propostas de integração e de inclusão escolar que temos hoje, podemos observar duas vertentes: a médico pedagógica (que salientava a necessidade de se colocar as pessoas com deficiência em escolas e hospitais) e a psicopedagógica (que se preocupa com a inserção escolar mas, no início, também era baseada nos testes de QI.
Na realidade a integração e a inclusão são duas propostas completamente diferentes. A integração se baseia em um processo de mainstreaming onde o aluno com deficiência deve ter acesso a educação, com a educação adaptada as suas necessidades, mas em um sistema de cascata que vai desde o meio mais segregador até o menos segregador.
Neste caso, nem todos os alunos são julgados aptos a estarem no ensino regular, eles acabam tendo que se adaptar a escola e não esta se adaptar a eles e, em muitas situações, temos alunos descarregados no ensino regular sem que os devidos cuidados sejam tomados. A proposta de inclusão é bem diferente.
A proposta de inclusão teve o seu início com a Regular Education Iniciative (REI) em 1986, nos EUA, que aborda a necessidade de adaptação do ensino regular para o processo de inclusão.
A lei n. 94142/75, em 1975, nos EUA, foi um marco pois causou uma revolução na maneira como a educação especial era entendida até então. Na inclusão escolar toda criança tem direito a escola, mesmo os casos mais graves, e a escola tem que se adaptar a ela e não a criança se adaptar a escola.
Dentro desta visão, temos uma longa caminhada a seguir pois na maioria das escolas brasileiras, as escolas ainda possuem barreiras arquitetônicas, o corpo docente não está preparado e existe uma crença de que o aluno vai para escola para se socializar, conviver com os outros e ser feliz e não para maximizar o seu potencial.
Os professores necessitam de uma formação de qualidade que não aborde apenas conteúdos didáticos, métodos e técnicas de ensino. Eles precisam ter noções do desenvolvimento humano, dos estágios de aprendizagem, da neurociência e de aspectos relacionados a avaliação.
Os professores devem passar a ver a educação como um processo e não um evento, deixar e ter medo das mudanças para ter coragem ter inovar, deixar de ser arbitrário para ser criterioso, de ser classificatório para ser promocional, deixar de ser rígido para ser rigoroso e, acima de tudo, receber investimento na sua formação, na sua remuneração e valorização.
Não podemos pensar em inclusão se um professor recebe um aluno, em uma sala de aula, com uma turma superlotada, sem apoio, com escassez de material e, ainda possível, trabalhando até 60 horas para conseguir ter um salário mais digno.