A EDUCAÇÃO NA ÉPOCA DA GLOBALIZAÇÃO
O mundo atual exige mudanças nos paradigmas educacionais tornando-se, imprescindíveis, reformas educacionais que ajustem a formação de nossos alunos às novas exigências da atualidade.
Ao longo da nossa história educacional, a escola tem sido vista como um local de transmissão de conhecimentos adquiridos e repassados com base em currículos pré-estabelecidos, rígidos e inflexíveis.
Este fator fez com que a escola entrasse em uma rotina nada atraente onde vícios acabaram crescendo, os direitos de todos deram lugar aos privilégios de uma minoria e a rigidez não deu lugar ao criar, recriar e o apreciar.
Desta forma, a educação não é vista como uma construção e reconstrução permanente do processo de ensino e de aprendizagem. Para mudar esta situação, o professore tem que ter energia, perseverança, correr riscos, mudar, inovar, acreditar, experimentar, refletir, intervir e mediar.
Na sala de aula, várias concepções aparecem simultaneamente como: vida, medo, liberdade, encanto, desencanto, amor, ódio, projeção, introspecção, apego, desapego, aflição, calma, certeza, coragem, alegria e tristeza.
Para identificar estes sentimentos o professor tem que conhecer o seu aluno, saber como a criança pensa, o que ela sente e, acima de tudo, mudar a concepção de que a educação é sinônimo de prova e que esta é o reflexo da sala de aula e do processo de aprendizagem do aluno.
Temos a tendência de incorporar e importar um corpo de ideias que são usadas sem o embasamento científico necessário e por um curto período de tempo. É muito comum ouvir as escolas, quando questionadas sobre o seu método de trabalho, que usam um pouco de tudo. Quem usa um pouco de tudo, na minha concepção, não usa nada, pois não tem embasamento teórico e científico suficiente para embasar as suas escolhas.
Muitas vezes, os métodos e técnicas utilizados não são baseados em aspectos científicos, com bases sólidas, decorrentes de instituições e pessoas que façam ciência. A realidade social, onde estamos inseridos, não é levada em conta bem como a psicologia e a pedagogia segundo as diferentes faixas etárias e tempo de cada um dentro de um processo de ensino e aprendizagem.
A reprovação, por desrespeito as características individuais de cada um, leva a evasão escolar. O que pode acontecer com a autoestima, a autoconfiança e o autoconceito de um indivíduo que, ao final de um ano letivo, constata que sua vida ficou parada, que seus esforços não deram em nada e que, no próximo ano, ela deverá começar tudo de novo?
Com certeza ela não terá motivação para o aprendizado e aprender exige motivação, prazer e engajamento. Para removermos as barreiras à aprendizagem temos que pensar que cada indivíduo é único, com processos de crescimento e desenvolvimento diferenciados, os quais vivenciam a aprendizagem de forma diferente seja por seus interesses, diferenças individuais ou motivações. Qualquer aluno irá experimentar a aprendizagem escolar como uma experiência desagradável se não estiver motivada e se não achar um sentido e significado para aquilo que lhe é ensinado na escola.
A cada reprovação o aluno não trabalha aquilo que ele não venceu no ano anterior, e sim, trabalha os mesmos conteúdos, da mesma forma e com os mesmos materiais ano após ano.
O conhecimento é como um prédio em construção. A cada ano letivo, um andar vai se formando e novos alicerces vão sendo acrescentados. Se as habilidades, competências e conhecimentos que não foram desenvolvidos não forem trabalhados, em pouco tempo a estrutura do prédio estará abalada e as reprovações serão inevitáveis.
A melhora na educação tem que ser acompanhada de um financiamento que defina os meios e as fontes de se obter recursos econômicos que visem à qualificação do corpo docente e da escola como um todo. O corpo docente tem que ser capacitado, preparado e profissionalizado, temos que criar novos centros educativos que sejam atrativos aos nossos alunos, equipar as escolas com meios e instrumentos que façam o aluno querer cada vez mais e utilizar as novas tecnologias em prol da educação.
A escola de hoje precisa mudar o paradigma que a acompanha ao longo dos anos, ou seja, o professor ensina e o aluno aprende e, se este não aprendeu, é porque não se esforçou, pois o professor ensinou. A escola é um local onde o professor e o aluno aprendem juntos num processo de construção e reconstrução permanente.
A escola de hoje tem que adequar seus métodos e suas práticas a um meio social que está em constante transformação e buscar recursos suficientes para atender as necessidades individuais de uma clientela cada vez mais heterogênea. Temos que buscar uma formação e atualização constante do corpo docente, pois estamos dentro de um contexto de crescente inovação tecnológica e de revolução do conhecimento. Necessitamos de ações concretas que sejam dirigidas para atender a diversidade e a inclusão social e escolar de todos os indivíduos.
Antigamente, a escola era vista como um local fechado que transmitia uma série de saberes através do professor que era a autoridade máxima. O conhecimento será transmitido com base, unicamente, nos conteúdos de uma disciplina e a principal ferramenta de aprendizagem era a memorização.
Mesmo no século XX, a escola ainda era um local destinado à transmissão de conhecimentos e a socialização dos membros mais jovens da sociedade. Atualmente, o desenvolvimento das tecnologias da informação e com os processos de mudança social que ocorrem de maneira paralela, temos uma nova perspectiva para a escola.
O professor já não é a única fonte do conhecimento e o aluno tem acesso à informação pelos mais variados meios. Cabe ao professor usar estas tecnologias a seu favor e mediar o seu uso junto ao aluno.
A aprendizagem já não é mais vista como uma recepção mecânica e uma memorização de informações recebidas em sala de aula, e sim, um processo dinâmico de busca, análise e reelaboração.
As tecnologias proporcionam novas formas de interação entre o professor e o aluno que são independentes de espaço e tempo. Chats, email, blogs, livros didáticos virtuais, e fóruns de discussão podem tornar o ensino cada vez mais atraente e interessante. Estas tecnologias extrapolam os limites físicos da escola e oferecem um novo espaço para o desenvolvimento de novas abordagens educacionais que enriquecem o processo de ensino e aprendizagem.
A escola saiu de um modelo fechado para um modelo cada vez mais aberto nos seguintes aspectos:
- – anteriormente, a sua localização e estrutura levava o aluno ao isolamento e não trazia a comunidade para dentro da escola. Hoje buscamos parcerias com a família e com vários segmentos da comunidade, valorizando a presença deles nas atividades escolares;
- – seu espaço físico não admitia mudanças para se adequar as necessidades individuais dos alunos. Atualmente, as possibilidades de flexibilização curricular proporcionam mudanças que atendem a diversidade humana;
- – os alunos com necessidades especiais eram uma clientela que não usufruía do ensino regular sob a alegação de que ele não tinha condições de acompanhar as classes regulares devido as suas limitações. Apesar de ainda não termos um real inclusão em nosso país, e sim, um processo de integração escolar onde o aluno ainda tem que se adaptar a escola e não esta se adaptar a ele, nossas escolas já estão abertas para receber estes alunos e temos práticas muito boas com bons resultados em termos pedagógicos e sociais;
- – a escola sempre se baseou na estabilidade e mudanças não eram bem aceitas. Hoje em dia buscamos a inovação, novas estratégias de aprendizagem e novas metodologias de ensino que ajudem no processo de ensino e aprendizagem;
- – nossos currículos eram rígidos, fechados, inflexíveis e pré-determinados sem direito a questionamento. Com o início da elaboração dos projetos políticos pedagógicos e com os parâmetros curriculares nacionais conseguimos uma construção coletiva dos projetos de trabalho das escolas, modificações nos nossos currículos escolares e passamos a ver o currículo como tudo que acontece dentro e fora da sala de aula o qual é construído por toda a comunidade escolar;
- – a escola sempre teve uma linha tradicional onde os recursos humanos, métodos de ensino, planos de trabalho e materiais eram sempre os mesmos. Hoje em dia a nossa visão é mais aberta com ênfase na diversidade de recursos pedagógicos;
- – sempre tivemos normas escolares rígidas que tinham o objetivo de regular o pensamento e a conduta dos alunos. As normas ainda existem, mas já incentivamos os alunos a participarem da construção destas regras, procuramos ensiná-los a usarem seu livre arbítrio com responsabilidade e a assumirem as consequências de seus atos;
- – sempre foi usado um regime de prêmios e castigos com o objetivo de incentivar a aprendizagem e controlar a disciplina. Nossa preocupação atual é que o aluno tenha vontade de aprender e que saiba avaliar as suas ações e reparar os seus erros.
Para termos um ensino de qualidade, a escola tem que se organizar e procurar remover todas as barreiras arquitetônicas e de atitudes. O espaço físico deve oferecer a possibilidade de mudanças no espaço físico e no programa para poder atender a diversidade humana favorecendo a convivência e o intercâmbio social.
Os professores necessitam ter a consciência da necessidade de apresentar desafios aos seus alunos com um nível adequado de dificuldade. Para isto, seu conhecimento deve ir além dos conteúdos da disciplina e englobar aspectos da psicologia, da neurociência e do desenvolvimento humano.
Com estes conhecimentos, é possível envolver os alunos no processo de aprendizagem, ajustar as técnicas pedagógicas ao nível do conhecimento do aluno e incorporar estratégias pedagógicas variadas que sejam adequadas a cada faixa etária.
Além disso, o professor deve transmitir otimismo, confiança, fazer uso do humor e de outras estratégias para consolidar o vínculo professor/aluno, ser acessível aos sentimentos e aos estados de ânimo de seus alunos e manter o controle da sala de aula sem recorrer à intimidação. Desta forma, podemos conseguir um ambiente de cooperação constante que multiplica a qualidade da aprendizagem.
A escola de hoje tem que buscar um currículo que seja adequado às características do ambiente no qual está inserido, que possa responder as demandas socioeconômicas e culturais da comunidade e atender as necessidades do aluno.
Este currículo deve ser um produto social, construído por todos os seguimentos da comunidade escolar. Não podemos continuar com um currículo fechado, elaborado por um grupo e aplicado pelos professores, detalhista, rígido, com objetivos somente comportamentais e operacionais, com uma avaliação somativa e quantitativa centrada apenas no resultado final, com ênfase na memorização e centrado nas habilidades do professor. A escola de hoje exige um currículo aberto, construído pela comunidade escolar, que permita a criatividade dos professores e alunos, que possa ser revisto a qualquer momento, que seja flexível, que se preocupe não só com conteúdos programáticos, mas com as habilidades e competências que devem ser desenvolvidas pelo aluno, que se baseie em uma avaliação formativa e qualitativa, que exija professores e alunos reflexivos e críticos e que facilite uma aprendizagem significativa.
Acredito que a escola já evoluiu muito, ao longo da sua história, mas ainda temos grandes desafios pela frente. As mudanças irão acontecer a partir do momento que existir uma valorização do papel do professor por todas as esferas da sociedade.