DIFERENÇA ENTRE A COMUNICAÇÃO E A FALA.
Comunicação é diferente de fala. Um processo comunicativo não deixa de existir na ausência do verbal. Contudo, quem não fala precisa ser organizado pela fala do outro.
Nem sempre a capacidade de emitir palavras ou a presença de fala, em indivíduos que apresentam transtorno do espectro autista, pode ser considerada como uma estrutura comunicativa que permita a sua interação com o ambiente.
Não dá para pensar em desenvolver um trabalho comunicativo, com crianças autistas não verbais, sem que esta entenda a rotina de trabalho estruturado e organizado. O sujeito tem que iniciar o seu trabalho com o reconhecimento de objetos concretos para que possa chegar à leitura de cartões visuais com figuras e palavras.
A linguagem compreensiva tem que ser trabalhada antes da expressiva. Em primeiro lugar, temos que trabalhar com o entendimento da ordem verbal, do gesto e da rotina tanto em sala de aula como no ambiente familiar.
Fale pouco e repita sempre frases curtas e palavras. Sentenças muito longas só dificultam o entendimento e atrapalham o processo.
O aparecimento da linguagem verbal depende mais da estrutura e dos esquemas elaborados pelo sujeito do que do treino que se faz. Situações de comunicação mal adaptadas em casa e na escola costumam agravar o quadro, pois causam stress e ansiedade.
As atividades para a estimulação da linguagem oral devem ser objetivas, interessantes, com dificuldade adequada. Para isto temos que analisar qual é o estilo de trabalho dos sujeitos envolvidos, seus interesses, quais as habilidades que ele usa para se comunicar e resolver seus problemas, como ele interage com as outras pessoas e se organiza e o que facilita para que ele tenha sucesso em suas atividades e no processo de comunicação.
Não adianta ser um especialista com inúmeros cursos para entender de autismo. Temos que nos abrir para entender a pessoa com autismo. Isto é bem diferente, pois estes sujeitos são únicos.
Muitas vezes, quem apresenta transtornos do espectro autista não vê motivo para interagir e se comunicar com o outro, mas não é por falta de motivação. Em muitas situações, o outro incomoda. Pegar alguém pela mão pode ser uma forma de se comunicar, mas não é interação, pois ele está usando as pessoas como um objeto, um instrumento para conseguir o seu fim que é conseguir algo que quer.
Em um ambiente previsível, com recursos para a comunicação, a ansiedade diminui.
Temos que trabalhar, em primeiro lugar, o processamento sensorial deste sujeito para que as informações do ambiente cheguem ao cérebro e este possa dar valor a esta informação dando uma resposta adequada. Se eu não faço este processamento, a cada situação comunicativa eu não vou conseguir achar aonde esta o arquivo com a resposta adequada e por conseqüência, pego qualquer arquivo para responder.
Muitas vezes é melhor ensinar os autistas a falarem de trás para frente. Se quiser que ele diga bola, inicio falando “bo” e espero pelo “La”. Desta forma, dei uma pista para o seu cérebro buscar o arquivo correto.