INCLUSÃO: PROGRAMAS EDUCACIONAIS UTILIZADOS NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS COM TRANSTORNOS DO ESPECTRO AUTISTAS ORIUNDOS DO BEHAVIORISMO

SÍMBOLO DO AUTISMO FEITO COM UMA FITA E A PALAVRA AUTISMO FEITO DE QUEBRA CABEÇAS

PROGRAMAS EDUCACIONAIS UTILIZADOS NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS COM TRANSTORNOS DO ESPECTRO AUTISTAS ORIUNDOS DO BEHAVIORISMO

O Behaviorismo vem sendo criticado por muitos pesquisadores ao longo da história. Alguns especialistas acreditam na sua importância,  no processo de ensino e aprendizagem de crianças que apresentam transtornos do espectro autista, enquanto outros criticam suas bases sob a alegação de que este mecaniza e robotiza as crianças.

 

Contudo, existem dois programas utilizados na educação especial, que são oriundos da teoria behaviorista, os quais são usados no mundo inteiro para o tratamento de crianças e adolescentes que apresentam transtornos do espectro autista, que são o ABA (Applied Behavior Analysis) e o TEACCH (Teacch Treatment and Education of Autistic and Comunication Handicapped).

 
Estes programas tem como base a terapia comportamental e são baseados nos conhecimentos teóricos do behaviorismo sendo aplicado na maioria das escolas brasileiras, que atuam na inclusão escolar, e em clínicas de atendimento psicopedagógico.

 
O ABA é uma abordagem da psicologia comportamental aplicada, principalmente, em crianças que apresentam transtornos do espectro autista. Ela consiste em um ensino intensivo e individualizado para ensinar comportamentos sociais, acadêmicos e de autocuidado.
Os trabalhos e pesquisas de Skinner exerceram uma grande influência, na construção desta abordagem, a partir da publicação do seu livro “Ciência e Comportamento Humano (1953).

 
Esta abordagem utiliza conceitos do behaviorismo para construir repertórios socialmente relevantes e reduzir os comportamentos problemáticos e vem sendo muito utilizada desde a década de 60.

 
Os seus princípios básicos podem ser encontrados dentro da visão behaviorista que são; o ensino em unidades mínimas passíveis de registro, ensino de habilidades simples e complexas em pequenos passos, uso de reforçadores positivos para aumentar a ocorrência de um comportamento e o treinamento de omissão para reduzir os comportamentos inadequados.

 
Notamos três aspectos, que norteiam toda a filosofia ABA que decorrem dos estudos do behaviorismo que são:

 

 

  • • Um estímulo verbal ou físico (antecedente) pode vir do ambiente, de outra pessoa ou do interior do sujeito;
  • • Um comportamento é a resposta ou até mesmo a ausência de resposta;
  • • A consequência vai depender do comportamento incluindo o reforço deste ou não.

Cada habilidade é exibida em partes gerenciáveis, construída em cima do ambiente natural da criança e ensinada com a apresentação de uma instrução ou dica (estímulo) com uma hierarquia pré-estabelecida.

 
As respostas corretas são reforçadas aumentando a probabilidade de ocorrência de um comportamento e, as incorretas, não são reforçadas procurando a sua diminuição ou extinção. As tentativas de ensino são repetidas muitas vezes.

 
Com isto, a terapia ABA busca a redução dos comportamentos desafiadores com um programa altamente estruturado onde cada habilidade é dividida em pequenos passos e ensinada usando instruções que são gradualmente eliminadas, quando estas habilidades são dominadas, através do oferecimento de repetidas oportunidades para criança aprender e praticar tal habilidade.

 
Dentro do programa TEACCH, que é uma abordagem comportamental com o apoio da psicolinguística, o qual tem o objetivo de facilitar a aprendizagem de crianças com transtornos do espectro autista, nos baseamos em uma abordagem a partir do arranjo ambiental, com ensino estruturado e individualizado e com uso de comunicação alternativa.

 
Com os seus princípios baseados na terapia comportamental e nos conhecimentos teóricos do behaviorismo, esta abordagem procura ensinar aos alunos a relação causa e efeito, incentivar a comunicação, promover a independência, respeitar a individualidade do sujeito e ensinar habilidades.

 
Ambas as abordagens usam o ensino individualizado, estruturado, sequenciado, com feedback imediato através de reforços positivos, instrução visual, rotina com flexibilidade, clareza nas ordens e com condições do aluno autorregular a aprendizagem mesmo que o professor gerencie a sequência com o objetivo de ajudar o portador do espectro autista a funcionar no mundo de forma eficiente.

 
Seu objetivo é que, pelo reforço positivo e adequado, possamos diminuir a frequência de comportamentos indesejados e aumentar a frequência de respostas adaptativas e desejáveis de ordem verbal, comunicativa, cognitiva e acadêmica.

 
Por apresentar déficits na função executiva e na teoria da mente, é difícil para algumas crianças e adolescentes que apresentam transtorno do espectro autista, lidar com os estímulos e exigências ambientais e expressar seus desejos e necessidades a ponto de estabelecer uma comunicação efetiva com o ambiente que o cerca.

 
Os déficits na linguagem compreensiva e expressiva, além de estereotipias da mais variada ordem, levam a quadros de crises de birra, isolamento social, baixa tolerância a frustração, agressividade e auto injúria.

 
Desta forma, dentro da abordagem ABA, usamos o paradigma da linguagem natural e da tentativa discreta. Na tentativa discreta, notamos muito dos trabalhos de Pavlov, Thorndike e Skinner pois temos um estímulo escolhido pelo terapeuta o qual é repetido até o comportamento esperado ser exibido. A interação entre o aluno e o objeto de aprendizagem é feita pelo terapeuta ou professor e a resposta é reforçada quando correta ou aproximada com reforçadores tangíveis.

 
Contudo, o behaviorismo é uma das teorias de aprendizagem que recebe o maior número de críticas por usar o controle e o reforço para obter um comportamento desejado por uma repetição mecânica.

 
As críticas envolvem o fato da aprendizagem ser medida pela mudança de comportamento obtida pelo estímulo e reforços as respostas dadas, por ser o professor o detentor e o condutor de todo o processo e pelo uso da repetição mecânica como base do aprendizado.

 
Muitos estudiosos colocam que o behaviorismo ignora os processos cognitivos e afetivos dos alunos, torna o aluno passivo na sua aprendizagem a partir do momento que é um mero receptor da informação, considera este como uma máquina, não incentiva a aprendizagem dinâmica, não promove a criatividade e não leva em conta as crenças, interesses, expectativas, desejos e emoções dos alunos.
Conduto crianças e adolescentes que apresentam transtornos do espectro autista manifestam, em seu quadro clínico, dificuldades na interação social, comunicação e comportamentos estereotipados.

 
Por não manter contato ocular efetivo e, consequentemente, ter a capacidade de imitação reduzida, estes alunos usam as pessoas como ferramentas para alcançar os seus objetivos e satisfazer as suas necessidades e não conseguem organizar a sua conduta para tirar proveito dos estímulos ambientais.

 
É muito difícil para alguns autistas se colocarem no lugar dos outros, de perceberem os sentimentos e intenções alheias e de brincarem de faz de conta. A falta de contato ocular faz com que, em muitas situações, eles olhem para as pessoas mas sem engajamento. Muitos vezes acabam executando tarefas mecânicas de transferência, que é o nível mais baixo de atividade estruturada, por toda a sua vida pois não conseguem organizar a sua conduta para passar a atividade cognitivas superiores.

 
A maior crítica que o ABA e o TEACCH recebem é que estas abordagens “robotizam” as crianças e adolescentes. Tais críticas são as mesmas encontradas em relação ao behaviorismo onde ouvimos, com frequência, que esta abordagem é ultrapassada mas ainda encontramos seu reflexo na educação geral como, por exemplo, nos testes de múltipla escolha para critérios de avaliação que ainda são usados em larga escala nas nossas escolas.

 
O construtivismo, a teoria genética de Piaget, a aprendizagem significativa de Ausubel, a psicologia cognitiva e a teoria sociocultural de Vygotsky são teorias da aprendizagem de suma importância para o processo de ensino e aprendizagem e, seu conhecimento, imprescindível para todos os educadores.

 
Contudo, quando lidamos com crianças e adolescentes que apresentam alguma deficiência ou transtorno na aprendizagem, não podemos esperar que estes aprendam determinado comportamento do ambiente somente pela observação e imitação. Eles aprenderão pelo ambiente natural mas, se forem ensinados e reforçados, aprenderão mais rapidamente.

 
A preocupação maior das abordagens decorrentes da terapia comportamental é com o estímulo. Assim como os estudos de Skinner, o ABA defende a ideia de que a aprendizagem ocorre pelo controle de algumas variáveis que são a ocasião em que ocorre (antecedente), o comportamento que é emitido (positivo ou negativo) e a ação que sucede (consequência).

 
O aluno só será recompensado quando manifestar uma resposta de acordo com o esperado e, sem sombra de dúvida, a aprendizagem programada é de grande valia para alunos com dificuldades na aprendizagem os quais necessitam, por suas características, de um ambiente educacional altamente estruturado.